Prezado J.J. Abrams e demais roteiristas e produtores de LOST.
Sou cliente LOST desde 2008 e venho por meio desta documentar minha insatisfação com o serviço prestado pela série.
Longe de mim duvidar dos bons escrúpulos e boa-vontade dos senhores e das empresas do grupo prestadoras diretas ou indiretas do serviço a qual essa reclamação de dirige. Simplesmente gostaria de dar voz a minha consciência que, nesse momento, encontra-se aviltada pelo conteúdo a mim ofertado.
Eximirei de comentários negativos as 4 primeiras temporadas pois tendo-as baixado gratuitamente de sites da internet, não me vejo no direito de pedir maiores explicações sobre ursos polares, árvores arrancadas pelas raízes e demais tripulantes coadjuvantes do Oceanic original.
Porém, uma vez tendo-me associado à TV por assinatura pela qual chega a mim o conteúdo dos senhores, e, por conseguinte estando em dia com os todos os pagamentos devidos aos senhores pelos direitos e royalties cobrados, sinto-me na obrigação de aventar minha insatisfação quanto ao serviço prestado pelas temporadas 5 e 6 oferecidas pelos senhores e contratadas por mim a partir de 2008, ano já citado anteriormente.
Recuso-me a acreditar que os senhores, profissionais que são, tenham escrito o episódio final da série como se escreve uma listas de compras, dez minutos antes de sair de casa, uma vez que a complexidade da relação de vários acontecimentos descritos nas trama anterior e a necessidade de solução de todos os mistérios, devam exigir um acompanhamento tão árduo como o trabalho do continuista na produção da série.
Mas foi essa a sensação que tive quando vi o Jack, após ter restituído a misteriosa rolha que fazia jorrar a água dourada, sozinho perambulando na floresta antes de morrer. Pensei “Peraí, pra descer foi mó perrengue...mas pra subir a água dourada ajuda? Como assim?!”. Aliás, não entendi nada quando o Desmond tirou a rolha e a água parou de jorrar. Devia jorrar com mais força, não? Pelo menos é isso que acontece na minha banheira quando tiro abro o ralo...mas vai entender os mistérios que rondam essa ilha.
Aliás, a ilha escolhe seus campeões de forma muito estranha. Tudo bem o Locke ter voltado a andar quando caiu na ilha...a ilha o escolheu. E pra manter a coerência, a ilha escolheu o rolo de silvertape que o japa que ouve os mortos usou para consertar a hidráulica do avião. Mais sagaz que o McGaiver, o cara conserta um avião que caiu numa ilha apenas com a santa silvertape. Na boa, ela é tão messiânica que o próprio japa desabafa algo do tipo “In silvertape we trust”. Aliás, esse japa é um iluminado mesmo pois esta sempre na hora certa, no lugar certo e encontra a pessoa certa pra levar pro lugar mais importante do momento. Afinal, foi ele que achou o Lapidus boiando no mar quando ia em direção ao avião...mas vai entender os mistérios que rondam essa ilha.
Outra coisa, a ilha também escolhe um de Cristo pra zoar. A meu ver foi a Claire. Coitada da menina, primeiro que já chegou grávida, depois que ficou com o hobbit que acabou morrendo no meio do caminho (o que não deixa de ser bom pra ela), brigou com a protagonista, destruiu seu cabelo loiro escorrido, lá pelas tantas o filho sumiu...Deus me livre, a ilha poderia ter aliviado a barra dela. E no final, só de sacanagem, ela volta a ficar com o hobbit para toda a eternidade...que karma!
Mas sacanagem mesmo eu achei que foi com o Rodrigo Santoro. A performance do cara foi como a do Brasil na Copa de 82: no papel era imbatível, tinha apoio da massa, todo mundo achava q ia longe mas foi desclassificado logo logo. Até aí, tudo bem. Entendo que foi uma forma de criar audiência num público internacional pra render alguns trocados no começo da descida da ladeira da série. O pior é que ele não foi nem convidado pra festa final na igreja, ala final de novela da Globo: todo mundo reunido, feliz, se abraçando...e apesar de também ter sido dentro de uma igreja, faltou um casamento coletivo. Aliás, perdeu uma boa oportunidade de agradar o público brasileiro que já antevia isso e uma cena final do Ben internado num manicômio.
E , por fim, o que me deixou mais indignado foi quando caiu a ficha que o resto não tinha mesmo explicação. Venho tentando achar um porque para todas as informações dos flashbacks, das realidades paralelas, da metafísica e só consigo chegar a uma explicação plausível: a existência deles na ilha era um reflexo do ego individual em uma superposição alusiva ás suas realidades correntes e contemporâneas, desembocando um fluxo imaterial de dissoluções e ressoluções de realidade, em cuja aplicabilidade das leis da natureza reverte e reverbera em sintonia com um plano mental intermediário onde a realidade se molda frente a um esforço de vontade e que liga todos os personagens num vértice meta-esquizofrênico.
Quando cheguei a essa conclusão, percebi que todo o objetivo da série já estava contido no próprio título e foi o que entregou no final: enfim, Lost.
Após todas as razões acima descritas, gostaria de informar que estou descontinuando minha assiduidade á série Fashfoward, também de autoria dos senhores e que, por vias secindárias, já fui informado que vão deixar no meio do caminho e que, aguardo ansiosamente que o Spielberg ensine a vocês como contar uma história até o fim, já que é com ele a vossa mais nova incursão no meio áudio-visual no filme “Super 8”.
Sem mais, subscrevo-me.
Fabio Minervini
quarta-feira, 26 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Cada escolha pressupõe uma perda
Cada escolha pressupõe uma perda
A cada momento que nos deparamos com a difícil tarefa de abrir mão de alguma coisa em prol de outra nosso pobre coração vacila. E é exatamente essa característica que nos diferencia dos outros seres vivos que nos causa mais sofrimento. A nossa consciência treinada pelo tempo a acumular e ter, se contorce toda vez que nos é imposta uma decisão. Evitamos a escolha na medida em que a decisão pressupõe uma perda. E o peso da perda nos angustia e assombra.
Curioso que exatamente essa nossa função (ou ilusão, como alguns preferem) é ao mesmo tempo nossa cruz e nossa redenção. A mesma consciência que nos estimula ao racional, ao cartesiano, a concreto, também nos impõe a projeção, a possibilidade, o abstrato. Somos os únicos na Terra que precisam justificar suas escolhas e aceitar suas consequencias. As opções nos torturam. Não há sofrimento na rosa cuja missão é perfumar nosso jardim. O peixe não sofre em sua submissa entrega ao anzol. Não ha angústia nas árvores ao produzirem suas sobras e frutos. Qual a nossa missão?
Por outro lado, precisamos a todo momento achar algo superior ou mais importante que justifique nossas escolhas e nos amenize o sofrimento causado pelas perdas que elas pressupõem. Nesse quesito, cada um tem para si critérios específicos. Mas para todos pesa a responsabilidade inerente a cada mudança de curso e, dessa forma, pode-se escolher a a semeadura, mas a colheita é obrigatória. Talvez seja esse mais um motivo que nos afaste delas. A vida sempre é mais simples sem elas. Se podemos ter tudo, o que há para sofrer?
Nossa conscência, então, nos empurra no caminho inverso e sofremos pela impossibilidade, por nossa peuliar pequenez. Queremos abraçar o mundo, mas somos formigas abraçando sequóias. E a consciência dessa pequenez nos dói e, mais uma vez, nos empurra na direção oposta.
Hoje ainda mais, diante de tantas opções, decidir é perder cada vez mais. Neste exato momento, pensem a infinidade de coisas perddas enquanto você lê este texto. Espero ter valido à pena.
A cada momento que nos deparamos com a difícil tarefa de abrir mão de alguma coisa em prol de outra nosso pobre coração vacila. E é exatamente essa característica que nos diferencia dos outros seres vivos que nos causa mais sofrimento. A nossa consciência treinada pelo tempo a acumular e ter, se contorce toda vez que nos é imposta uma decisão. Evitamos a escolha na medida em que a decisão pressupõe uma perda. E o peso da perda nos angustia e assombra.
Curioso que exatamente essa nossa função (ou ilusão, como alguns preferem) é ao mesmo tempo nossa cruz e nossa redenção. A mesma consciência que nos estimula ao racional, ao cartesiano, a concreto, também nos impõe a projeção, a possibilidade, o abstrato. Somos os únicos na Terra que precisam justificar suas escolhas e aceitar suas consequencias. As opções nos torturam. Não há sofrimento na rosa cuja missão é perfumar nosso jardim. O peixe não sofre em sua submissa entrega ao anzol. Não ha angústia nas árvores ao produzirem suas sobras e frutos. Qual a nossa missão?
Por outro lado, precisamos a todo momento achar algo superior ou mais importante que justifique nossas escolhas e nos amenize o sofrimento causado pelas perdas que elas pressupõem. Nesse quesito, cada um tem para si critérios específicos. Mas para todos pesa a responsabilidade inerente a cada mudança de curso e, dessa forma, pode-se escolher a a semeadura, mas a colheita é obrigatória. Talvez seja esse mais um motivo que nos afaste delas. A vida sempre é mais simples sem elas. Se podemos ter tudo, o que há para sofrer?
Nossa conscência, então, nos empurra no caminho inverso e sofremos pela impossibilidade, por nossa peuliar pequenez. Queremos abraçar o mundo, mas somos formigas abraçando sequóias. E a consciência dessa pequenez nos dói e, mais uma vez, nos empurra na direção oposta.
Hoje ainda mais, diante de tantas opções, decidir é perder cada vez mais. Neste exato momento, pensem a infinidade de coisas perddas enquanto você lê este texto. Espero ter valido à pena.
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