terça-feira, 22 de setembro de 2009

Toda mudez será castigada

Dentre tragédias, mortes e enchentes, essa notícia me chamou a atenção: Folha de São Paulo e Rede Globo emitem cartilhas que orientam o uso de redes sociais pelos seus funcionários: http://migre.me/7uW6.
À princípio fiquei apenas curioso. Qual seria o motivo para grandes conglomerados de comunicação nacionais estarem limitando ou organizando ou impondo qualquer tipo de censura aos seus próprios funcionários? Foi então que minha curiosidade se transformou em bestificação. Segundo a matéria da INFO, a Rede Globo restringe a a "divulgação ou comentários sobre temas direta ou indiretamente relacionados às atividades ligadas à Globo; ao mercado de mídia ou qualquer outra informação e conteúdo obtidos em razão do relacionamento com a Globo" . Ou seja, se um conrtra-regra tem um blog sobre efeitos sonoros e dá uma dica de como ele resolveu um problema no dia-a-dia...Não, dar dica do dia-a-dia da Globo não pode mais!



CONTRA-REGRA

Numa boa, serei o último a levantar qualquer bandeira contra a censura ou à favor da liberdade de expressão ou qualquer posição politizada que seja. Mas me estranha que empresas que lidam com informação queiram restringir sua circulação dessa forma autoritária. Ainda mais num momento onde o mundo clama por informação gratuita!

Até entendo a postura restritiva numa tentativa de preservar o conteúdo exclusivo de seu material. Porém, hoje em dia, já provou-se que, sendo o material de excelente qualidade, há quem pague por ele (ou por uma extensão dele) o preço que for. Vide o iTunes por exemplo! Muita coisa grátis, muita coisa paga e o modelo está vivinho da silva. Vide o Google! Informação toda de graça e há quem pague para aparecer primeiro ou associado a aluns tópicos. Veja o Radiohead banda de rock que lançou seu CD na Internet e o internauta diz que preço quer pagar!



CD DO RADIOHEAD

Enfim, segundo a lei da evolução das espécies do mercado: o mais adaptado prevalecerá, acho que a medida de Folha e Globo é um ato de desespero para manter um modelo que, eles mesmos já sabem, está a caminho do fim. Pior é que denuncia uma preferência pela mediocridade paga ao invés da excelência gratuita. Como diz um amigo meu: " a era do empurra acabou".

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pinball Wizard

Hoje pela manhã um leve tilintar nas minhas partes baixas chamou minha atenção. Para acalmar os mais assanhados, vou logo dizendo...são fichas. Para informar os mais moderninhos, falo logo: sim, fichas. Fichas de fliperama! Quando eu era pequeno, pagava-se tudo com fichas. De passagem de ônibus a ligações nos orelhões. Teve até um Presidente que pedia pra gente jutar as "fichas do caixa"..ele queria fazer de nós todos fiscais de sua inflação galopante.


FICHAS DE FLIPERAMA

Mas isso é outra estória. O que importa é que nesse final de semana, fui num fliperama. Moderno, cheio de jogos de esporte, ficção e violência. Até aí, nada de mais. Na verdade, fui procurando um pula-pula para minha filha de 1 ano. Claro, hoje em dia é lógico que fliperamas tem pula-pula. Imaginem há algum tempo atrás, pré-adolescentes revoltados, ouvindo metal dividindo o espaço com mamães, bebês, mamadeiras e pula-pulas. Hoje não...tudo pode, tudo é holístico. A receita do bom negócio é agradar a todos. Por isso, estava eu lá no moderno fliperama na busca pelo pula-pula.
Não achei exatamente um pula-pula, mas tinha uma máquina, um simulador de corrida que movia tanto o banco que, na boa, poderia-se dizer que era um pula-pula...ou um vira-vira...ou um mexe-mexe...acalmem-se novamente os assanhados.
Imbuído então de espírito rejuvenescente, fui até a banquinha e pedi algumas fichas. A menina então abriu um sorrisinho e me informou que eu teria que comprar um cartão. Peraí, cartão!? Não quero fidelidade..pelo menos não aqui nem agora! Que diabos eu vou fazer com um cartão? São as fichas - disse a atendente. E como eu faço pra tirar as fichas? Passa na maquininha e ela cospe. Pensei, deve fazer algum sentido ela não me dar agora..segurança para as criaças não engolirem, talvez.
Fui. Peguei meu cartão com a caroça do Curinga fazendo a encarar-me horrenda e passei na maquininha. Fiquei feliz, ela cuspiu-me 5 fichas. Beleza. Cadê a máquina do carro? Voltei lá e procurei a boca onde se põe a ficha...uma vez...dus vezes...cadê essa merda? Em vez disso, um sensor vermelho brilhava sob meu olhar desavisado. Era a boca...não uma boca engolidora de fichas mas uma lambedora de cartões! Uma chupadora de créditos! Levei algum tempo até processar a minha situação...órfão das minhas referências. Tentei desfarçar a cara de bunda...olhei pra um lado e para outro para ver se alguma outra máquina tinha a boca que eu queria...mas nada. Todas eram máquinas de ponta, alta tecnologia, high-tech-DVD-blu-ray-process. Ou algo parecido. Só eu era analógico ali.




BOCA ENGOLIDORA DE FICHAS

Com vergonha até de pedir meus "créditos" de volta...fui até um cantinho onde as máquinas mais idosas se escondiam. Lá, jogos de azar aceitaram o que eu tinha para lhes dar...mas só me deram algumas piscadelas verdes e amarelas, uns toques estridentes e mais nada.
Saí, com minha filha nos ombros, pois se eu não tinha o poder de transformar as máquinas do fliperama, ela tem o poder de transformar pai em pula-pula.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

The song will never remain the same

O mundo está mudando. Essa frase é tão batida que já se ouvia há 2000 anos AC. Aliás, um dos significados das pinturas rupestres de Lascaux significavam já isso!



Pode ser apenas o sinal da idade chegando, mas fato é que junto com essa constatação trágica, vem também a necessidade de fazer algum registro do modo neo-jurássico deste que vos fala. Trocando em miúdos, tenho aqui uma oportunidade de deixar um legado sobre as inutilidades da vida...ou da minha vida, que pode muito bem ser da sua também.

Dito isso, continuo...o mundo está mudando. Me dei conta disso quando vi o certificado de óbito do CD. Quem tem mais de 50 anos tavez já tenha sofrido pela morte de outros utensílios do dia-a-dia como maquinas de escrever, telefones de disco, etc. Mesmo tendo usado algumas vezes essas coisas, confesso que não cheguei a apegar-me tanto a elas e sua passagem, que Deus as tenha, não me afetou.
Por outro lado, outro dia caiu a ficha que faz uns 20 anos, pelo menos, que não adquiro um CD deflorado. Digo deflorado em contra-ponto ao CD virgem! Aquele que ainda temos que usar em alguns gadgets fadados à morte. O virgem é figurinha fácil..tá em qualquer lugar, com qualquer conteúdo. Do baile funk ao clássico, do pornô ao noir. Enfim, desses ninguém tem saudade ainda.
Eu tô falando daquele CD que a gente ficava juntando trocado pra comprar...que vinha com aquele livrinho que, mesmo não tendo nada, gostávamos de segurar enquanto degustávamos o CD pelas primeiras vezes. Esse sim morreu e ninguém sente saudade. Lembro que o primeiro CD que eu comprei foi do Pink Floyd: The Final Cut. Caralho! Como fiquei feliz nesse dia. Parecia até que eu estava fazendo alguma coisa proibida de tão pilhado! Fui na lojinha, onde eu achei ele mais barato, e com dinheiro mesmo paguei a compra. Saí de lá e a primeira coisa que fiz, ainda no ônibus, foi tirar o selo amarelo de "Preço Facil" que vinha colado. Daí em diante foi êxtase por mais ou menos uns 2 meses.


PINK FLOYD - THE FINAL CUT

Já o último já foi uma compra mais consciente. Renaissance - Scheherazade and Other Stories. Um disco clássico da banda com 5 faixas...preço? 50 reais! Imbuído do senso de colecionador, engoli à seco e paguei. Recebi o produto uns 3 dias depois num pacote que deve ter feito a volta ao mundo de tanto selo e carimbo que tinha! No meio desses 3 dias entre comprar e receber (que tb é tema para outro post!!) descobri um site na Internet chamado Mininova! E minha vida mudou! Pra quem não conhece, o Mininova é um maná de tudo que vc já pensou em conseguir de vídeo, música, programas, imagens...é a versão mais que melhorada do E-Mule. Enfim, perdi uns 20 minutos descobrindo como a parada funciona e, para testar, tentei baixar o MP3 do disco que haviada acabado de comprar Renaissance - Scheherazade and Other Stories. Surpresa a minha...estava com as 5 faixas em menos de 10 minutos na minha máquina!


RENAISSANCE - SCHEHERAZADE AND OTHER STORIES

E foi assim que o CD entrou na UTI. Sim, pois ainda tinha alguma chance de sobrevivência...caso o som fosse ruim, chiado, etc...mas nem perto disso. Tão bom quanto o CD em si, adotei de vez o MP3 e o download ilegal! Agora quando baixo alguma coisa da Internet, me vem aquela mesma sensação de quando comprei o primeiro CD. Só que agora estou realmente na ilegalidade!